quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

De 30 para 3

   Em fim cheguei à tão especulada (e incrivelmente linda e organizada) Normal. A viagem para cá foi uma grande aventura. Foi difícil dizer adeus para ela e para minha família, mas era preciso. De São Luís para Brasília o voo foi muito tranquilo e tudo saiu na mais perfeita paz. Quando de fato cheguei em na capital que a aventura começou. É, quem diria que minha mala iria demorar tanto para chegar?? Eu não diria, tanto que quase tive um ataque de nervos.
   O check in para o voo para Atlanta foi muito tranquilo, nada de demora ou enrolação. E foi nessa fila que fiz o segundo contato com a galera do CsF (Ciência sem Fronteiras), tanto o pessoal que vinha para a minha universidade quanto os que iam para outras. A emoção era visivel na cara de todos nós. Foi um bom papo até podermos embarcar no avião. Passamos pelo Duty free e demos uma olhada nos preços (é aqui que vai a minha primeira dica para quem ainda está por vir: NÃO COMPRE NO DUTY FREE! As coisas são mais caras do que parecem) e fomos sentar. Quando embarcamos eu não podia acreditar que estava realizando aquele velho sonho de infância, e que esteve sempre muito distante de mim.
   O voo não foi lá essas coisas. As poltronas eram do mesmo tamanho que as dos aviões que fazem voos domésticos no Brasil, e a capacidade de reclinação tambem. A única coisa que muda é o tempo de viagem, ao inves de duas ou três horas foram apenas NOVE. Pelo menos a janta era muito boa, macarrão com brócolis, e torta de limão como sobremesa, NICE. Ah! quase esqueço de comentar que provei um suco de tomate. TERRIVEL! É salgado, então é melhor fazer um cachorro quente do que tomar.
   O hard naquela noite foi dormir! Não consegui pregar os olhos a viagem quase toda. Se dormi no máximo duas horas foi muito. Era uma mistura de ansiedade, felicidade, falta de espaço e saudade. Foi uma looooonga noite. Na chegada em Atlanta (capital do estado da Georgia) confesso que senti uma lágrima escorrendo pelo rosto, em fim cheguei! Estava nos Estados Unidos da América! huhuhuhuh. O aeroporto ( o segundo maior do mundo, se não estou enganado) é tão grande que você chega a pensar que a a cidade é que é pequena, mas na verdade a pequena cidade é o aeroporto. Após sairmos do avião passamos por todos os processos de alfândega. O bom é que eu nenhum de nós foi selecionado para fazer fiscalização de mala ou coisas do tipo. Passada essa parte que começou tensa e terminou "como assim, é só isso?" nos deparamos com uma escada rolante que levava ao metrô. WHAT? Sim, o aeroporto tem metrô, são 200 portões de embarque. Mas, ele é tão bem organizado e sinalizado que é mais fácil ficar perdido no aeroporto de São Luis que lá.
   Enquanto esperávamos a conexão para Bloomington fui dar uma olhada nas lojas que estão próximas ao nosso portão de embarque. Achei uma com um monte de coisas. Comprei uma coca e um chiclete, achei menos doce que no Brasil. Chegada a hora, embarcamos para o destino final. A viagem foi boa, mas não tivemos a oportunidade de ver as coisas la de cima, o tempo todo viajamos com nuvens nos cobrindo. Triste. O aeroporto de Bloomington é tão bonito e melhor que o de São Luis que eu fiquei revoltado. Como uma cidade de 1 milhão de habitantes não tem um aeroporto decente, e uma cidade com mal 100 mil tem um todo equipado e com tudo automatizado? Não venham me dizer que é por que aqui é nos EUA, isso é fingir que tudo no Brasil está certo. Desculpa a revolta, mas isso me fez rever muitas coisas que eu pensava, e me fez ver o que eu não via. No aeroporto fomos recebido pelo simpático senhor Berger. Eles nos trouxe até a universidade com a ajuda de uma assitente da ISU, Elyne. Ao chegarmos na FANTASTICA, LIMPA, ORGANIZADA, LINDA e GRANDE Illinois State University fomos fazer nosso check in, entregar documentos e pegar a chave do quarto. Depois disso subi pra ver o meu quarto. Muito legal, tem mesa pra estudar, armário pra colocar as roupas e uma bela cama. Enquanto olhava meu quarto entrou um cara que pareceu um pouco assustado com a minha presença. Era o meu novo colega da quarto, Matthieu, da França. Mal tive tempo de conversar com ele, o pessoal ia nos levar para o Wallmart pra fazer compras. Depois disso fomos pro Shopping, onde comprei um celular por 5$ e coloquei só 30$ pra fazer ligações internacionais. Eu ja tava com saudade do pessoal de casa e da minha B =). É foi um dia MUITO agitado. No fim da noite conheci o Leo, um chines de Hong Kong, gente finissima. Ele pediu ajuda ao Matthieu pra arrumar a internet dele. Quando me dei conta estávamos conversando sobre comunismo. Vocês conseguem imaginar o que é isso? Falar sobre comunismo com um chines e um francês? Eu tambem fiquei boquiaberto quando isso me passou pela cabeça.
   Hoje acordei cedo, fui escovar os dentes, trocar de roupa e voltei para o quarto. Quando abri a janela vi uma das coisas mais legais da minha vida. NEVE! Sim, nevou a noite toda. De manhã as coisas estavam totalmente brancas. Logicamente peguei a roupa e desci. Foi o maior frio que eu ja senti na minha vida. Mas foi uma sensação única. Quem nunca sonhou em ver neve de perto? O maior problema é o vento. cada vez que o vento soprava vinha aquele frio gigante. Foi por isso que resolvi colocar esse título no post. A temperatura foi o maior impacto que eu tive.
   Espero poder comprar uma câmera logo, pra poder postar fotos e mostrar como essa universidade é linda. Bom, eu poderia escrever mais, mas estou cansado e tenho outro dia cheio amanhã, então me perdoem.

Ah! Esquilos existem, eu vi com os meus próprios olhos.

Perguntinha:
O que faço com a saudade da família e da namorada?

sábado, 7 de janeiro de 2012

O resumo de um ano bastante diferente

Se me perguntassem no início de 2011, o que eu esperava daquele ano, eu diria : "Espero não reprovar na faculdade, seguir como bolsista do PET e aquelas coisas que sempre pedimos (saúde, paz, amor e etc.)". Em resumo, um ano tranquilo. Bom...esse ano foi tudo, menos, tranquilo.

     O primeiro semestre se apresentou como um turbilhão de mudanças na minha vida pessoal. As certezas se tornaram muito incertas e acabaram perdendo todo o significado. Era chegado o momento de me reconstruir. Foi nesse momento que ELA surgiu (na verdade sempre esteve ali, só não tinha me tocado), e virou o meu mundo de cabeça para baixo. Vocês acreditam em destino? Eu não acreditava. Mas, é impossível não creditar a ele os eventos que levaram ao dia 09/06/2011. Surge, então, a peça chave para tudo de bom que aconteceu no meu ano. E assim terminou o primeiro semestre de 2011, leve, feliz, e muito diferente do que o imaginado.

     O segundo semestre começou com uma inesquecível viagem para Goiânia (Encontro Nacional dos grupos PET). Muitas risadas com a galera dos quartos 20comer e 80ção. Infelizmente a viagem durou pouco, e logo retornamos para São Luis. Dias depois da chegada, iniciou-se o semestre. Confesso que estava ansioso, pois teria uma cadeira que deixaria muitos naturalistas com inveja, Tópicos Especiais em Ornitologia. Aulas de observação de aves com um dos melhores professores que tive em minha vida. O único "porém" era a hora da aula, 6:30 da manhã. Nada que o entusiasmo não superasse.
   
     O início do semestre se deu de forma muito tranquila, parecia que o ano se encerraria de forma suave. HAHAHA, doce ilusão. Não me lembro ao certo o dia, sei que foi no finzinho de setembro. Estávamos em uma aula de Lab. de Ensino em Biologia, quando uma estagiária da coordenadora do curso passou na sala avisando sobre o programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. De início, fiquei muito empolgado. Pelo menos até pegar o edital e descobrir que precisava ter teste de proficiência em Inglês de no mínimo 79 para concorrer. Drogaa! Eu não tinha, e não praticava meu inglês a mais de 3 anos. Alem disso, o prazo era muito curto. Cheguei em casa e contei para os meus pais sobre o edital, eles perguntaram se eu não queria arriscar, eu não quis, estava tudo muito em cima da hora. Destino ou não, o prazo de inscrição para o edital foi prorrogado. Comecei a achar que talvez fosse chegado o tempo de tentar, não tinha nada a perder mesmo. Começou então a saga CsF. O reconfortante é que eu não estava sozinho nessa.

     A primeira dor de cabeça foi procurar um lugar para fazer o TOEFL iBT (aqui em São Luis esse teste não é realizado). O melhor lugar e o escolhido foi Brasília. Depois de escolhido o local de prova, fomos atrás de alguém que nos preparasse para fazer a prova, mas quem? Surgiram, então, Bruno, Juliana e todo o pessoal do PBF. Foram só quatro aulas, que pareciam ser milhões. Como eu estava parado a muito tempo senti muitas dificuldades e cheguei a pensar em não fazer a prova. Sabe quando tudo parece que vai desabar? Eu passei por isso. E na noite da terceira aula aconteceu algo que me fez acreditar de novo. O que uma volta em um carro vermelho, uma conversa com uma menina especial e o barulho do mar não fazem com uma pessoa? Ali, naquela noite eu tive certeza que, com ela do meu lado, TUDO era possível.

     Passada a primeira dificuldade, o dia da prova se aproximava, dia 22/10. Fomos, então, dois dias antes da data do teste para Brasília. Chegando lá, o segundo desafio se apresentou. Tínhamos que preencher um tal de Common Application, what? É isso mesmo, um formulário que as universidades americanas usariam para nos avaliar. Foi TENSO, precisávamos escrever essays e pedir para que nossos professores preenchessem formulários de recomendação. Como nós iriamos fazer isso se nossos professores estavam em São Luís e nós em Brasília? Graças ao prestigio de uma certa avó as coisas se acertaram e nós conseguimos as tão preciosas cartas de recomendação. Dois dias depois acordamos cedo e fomos (extremamente ansiosos) fazer nossa prova do TOEFL. A prova não é difícil, mas da muito trabalho, principalmente por causa do tempo. Passada a prova, voltamos para casa e ficamos aguardando ansiosamente o resultado. Foram dias tensos. O destino fez com que nós estivéssemos juntos (fazendo um trabalho de Sist. e Filogenética) quando nossas notas saíram. Não fiz 113, nem 91 (vocês são fantásticas), mas a minha nota foi acima do que eu precisava, 86. Uma grande vitória, com direito a comentário da mãe no Facebook: "O Rafa passou, vai morar um ano nos EUA".What? Sim, tive que acalmar a minha mãe e explicar que esse era só o primeiro passo. HAHAHAHA.

     Os dias que se seguiram foram de muitas descobertas (assustadoras as vezes) em relação ao programa. Foi então, que eu recebi um email da CAPES dizendo que tinha sido selecionado para concorrer à bolsa de graduação sanduíche. Logicamente não levei tão a sério, achei que ainda estava muito longe de tudo. Eu estava errado. Logo em seguida, recebi outro email, agora sobre uma tal vídeo-conferência que iria acontecer. Dali pra frente só faltava que uma universidade me escolhesse, e isso parecia ser a parte mais complicada. De fato era. Nesse meio tempo me introduziram o grupo do CsF no Facebook. Por que fizeram isso comigo? AHSIUAHSU. Eu não vivia mais, só queria saber de olhar o grupo, aquele bando de loucos compartilhando angústias e descobertas em relação ao programa. Foi legal, aprendi muitas coisas. Mas, quase larguei meus estudos, não tinha mais vontade de estudar. E assim foram passando os dias. Foi quando li sobre um de ToA. Que diabo é isso? Terms of Appointment (que no fim das contas nem tinha esse nome, mas tudo bem), é o documento dizendo que você foi aceito, e indicando pra qual universidade você irá. Sim, eu queria um desses, e segundo a CAPES o prazo de entrega deles era até dia 12 de Dezembro. Adivinhem que dia eu recebi o meu? Alguma dúvida? Dia 12, obviamente. Illinois State University! Foi um momento INDESCRITÍVEL. Pronto, era o fim de uma luta interminável contra as adversidades e a realização de um sonho. Será? Não era. Faltava o visto, as passagens, as vacinas (que eu só tive que tomar uma) e o dinheiro. Essa parte foi mamão com açúcar, perto das outras.

     Agora estou aqui, a três dias de embarcar para os Estados Unidos (dividido entra a ansiedade imensa e a saudade colossal), escrevendo pela primeira vez em um blog e tentando lembrar de tudo o que aconteceu nesse ano e de como as coisas aconteceram. Não é fácil. Já percebo que esqueci algumas coisas no meio das linhas escritas. Mas, ninguém consegue lembrar de tudo. Então, vou listar algumas coisas que foram marcantes, mas que não foram citadas.

-Uma viagem;
-Um filme e um beijo na Chuva;
-Uma Tatuagem;
-Palavras de confiança de um amigo no RU;
-Uma noite à mexicana;
-Um artigo;
-Nosso filme;

Bom, a próxima vez que escrever estarei na cidade de Normal, Illinois. Espero poder compartilhar muitas experiências nesse espaço e, assim, ajudar a galera que já está nos Eua e quem ainda vai. "É nóis que pula Caguru!"

Obrigado família, déia, ara, caká,professores, galera da 2009.1, galera do PET e em especial, a B (minha peça chave)!